quarta-feira, 2 de março de 2011

Já passámos os trinta.

Aposto que continuas a saber todos os meus gostos, só tenho pena que não te tenhas lembrado daquilo que não gosto. Se tal tivesse acontecido talvez não te tivesses esmerado tanto para fazer exactamente tudo o que não era suposto.
E se eu te disser que fico com medo só de pensar no que pode ainda vir a acontecer provavelmente tu nem acreditas. Contigo estas coisas não acontecem, escolhes sempre o caminho mais fácil e entregas-te mesmo sabendo que é só pela metade. O mais extraordinário é que tudo acaba sempre por te correr bem.
Quando era mais pequena tinha dificuldade em dormir em noites de trovoada ou quando o vento soprava mais forte. A minha avó vinha para o pé de mim e dizia-me que a casa não era feita de palha nem de madeira, que era de tijolos e como os três porquinhos sabiam, nada podia derrubá-la. Arrisquei comparar a nossa estória à dos 3 porquinhos mas eis o que eu desconhecia: o lobo mau foi só o início dos meus problemas pois a maior ameaça, na realidade, estava dentro de casa. Poderiam até existir 100 lobos maus a soprar como o vento que, se tu não quisesses, a casa jamais derrubaria.
Hoje em dia c
ontinuam a existir vezes em que tenho dificuldade em dormir, já não pelo vento mas pelo coração apertado e também pelo arrependimento que tenho por ter permitido que voltasses a deixar-me assim. Procuro de tudo em todo o lado para que te possa entender. Tu não podes ser assim, não depois de tudo. Mas o que foi que te aconteceu? O que foi que nos aconteceu? Alguém me pode explicar? Parece que não.
A verdade é que todas as relações têm duas histórias: a versão editada para ser partilhada e a versão integral que é melhor deixar sossegadinha. A nossa não é diferente e também tem as duas, a diferença é que ambas têm sempre um dedo teu e acabam sempre da mesma maneira, a mais triste.

Sem comentários: